BARU- A fruta do cerrado onde a sua castanha tem grande potencial antioxidante.
O
baru, fruto acastanhado do Cerrado pouco conhecido no país, além de iguaria
saborosa e nutritiva, apresenta grande potencial antioxidante e, portanto,
poder para combater processos inflamatórios e doenças crônico-degenerativas,
tais como artrite, câncer, diabetes, hipertensão e enfermidades
cardiovasculares. A descoberta, da cientista de alimentos Miriam Rejane Bonilla
Lemos, pesquisadora da Universidade de Brasília, é relatada em estudo
desenvolvido pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UnB, em
parceria com a Universidade Federal de Pelotas.
Lemos
comprovou a eficiência desses fitoquímicos no controle dos radicais livres,
principais responsáveis por grande número de enfermidades, a partir da análise
de compostos bioativos em amêndoas de baru. “Nossos estudos em laboratório
acusaram esses grupos com reconhecida ação contra as moléculas causadoras do
estresse oxidativo”, explicou à Secretaria de Comunicação da UnB,
complementando que “os fitoquímicos contribuem como potentes agentes
preventivos de doenças graves”.
Além
disso, a pesquisadora também descobriu que os óleos das amêndoas do baru são
mais ricos em compostos importantes à manutenção da saúde - a exemplo dos
ômegas 3, 6 e 9, com 81% de ácidos graxos insaturados - que os próprios peixes,
tão recomendados por nutricionistas em dietas saudáveis. “Em relação a seu
potencial oxidativo, na família de leguminosas (amendoim, macadâmia, noz,
pistache), sem dúvida alguma, a amêndoa do baru se sobressai”, pontuou.
Conforme
a orientadora do estudo, Egle Machado Siqueira, professora do Programa de
Pós-Graduação, “a pesquisa é um pontapé inicial no reconhecimento das
propriedades farmacológicas do baru, geralmente mais estudado em seus aspectos
nutricionais”. Para ela, a identificação de altos níveis de fenólicos -
antioxidantes mais poderosos que as vitaminas C e E - constitui, sem dúvida,
uma contribuição científica de peso. O estudo foi co-orientado pelo professor
Rui Carlos Zambiazi.
Os
estudos desenvolvidos por Miriam Rejane complementam outra pesquisa previamente
realizada, que demonstrou que o consumo de pelo menos uma amêndoa do baru
diariamente reduziria o estresse oxidativo induzido em ratos. “Já que foi
mostrado que esses roedores, tratados com ração a base de baru, tiveram seus
baços, fígados e outros órgãos protegidos, deduzimos, a partir de outros exames
in vitro, que esses princípios bioativos funcionam como significativos
protetores, especialmente devido às suas ações anti-inflamatórias”, reforçou a
pesquisadora.
CERRADO
Outro
ponto importante da pesquisa, apontado por Siqueira, é a valorização do bioma
Cerrado, o segundo maior do Brasil. De acordo com o estudo, “flora ainda pouco
notada em seu potencial produtivo”.
Para
Lemos, o governo deveria dar mais atenção a esse rico e diversificado
patrimônio genético. “Apesar de toda essa riqueza, ao longo dos últimos anos, o
cerrado vem passando por inúmeras e criminosas devastações, e a degradação
ambiental ameaça um acervo inestimável do ponto de vista biológico”, diz,
aproveitando para defender a utilização racional da matéria prima e um
“extrativismo consciente e controlado, ação a ser conduzida pelo poder
público”.
REPERCUSSÃO
INTERNACIONAL
O
ineditismo da pesquisa já repercute a nível internacional. Artigo enviada à
conceituada Revista Científica Food Research International, da editora
Elsevier, rendeu convites para expor os estudos em outras publicações.
Segundo
Lemos, “a revista é uma referência internacional nesse campo de engenharia e
ciência de alimentos, com enfoque na saúde preventiva ou curativa”. Para ela,
além do universo científico, o baru precisa ser popularizado: "O Brasil e
o mundo precisam conhecer melhor tantas propriedades fantásticas que estão ao
alcance de todos".
A
pesquisadora pretende, em seu pós-doutorado, dar continuidade aos estudos, a
partir da análise de fitoquímicos de frutos do cerrado - incluindo naturalmente
o baru - objetivando o controle de doenças infectocontagiosas.
Marileia
Ragone- nutricionista clínica funcional
Fonte:
nutriformajf